No nosso mês de aniversário de dois anos, oferecemos a roda de conversa "Cores & Dores de Frida Kahlo". Pensamos sobre a História da Arte na vida e obra da artista mexicana.
Em que lugar, em qual tempo, quais eram os respectivos acontecimentos em que ocorreu a produção de Frida Kahlo?
Somos sujeitos inseridos em uma cultura. A subjetividade se dá de forma articulada ao momento histórico.
Localizamos esse contexto histórico das obras da artista, uma mulher dentre a grande maioria de artistas homens na época.
A inscrição na história é uma forma de filiação.
As obras de Frida evocam transformação das emoções, remetem a dor e parece nos colocar em contato com a finitude. Seria essa uma possível explicação do fenômeno Frida mercadológico se focar na figura da artista e não em suas obras?
Seu conteúdo parece explorar o âmago da fragilidade, e expõe a presença da morte em diversas figurações. Um aspecto já descrito por Freud como estranho familiar.
Talvez seja esse o enigma que suas obras nos convoca, a condição humana de desamparo. Pensamos que esse seria o viés por qual nos inspiramos na artista em nossa nomeação. É nesse viés que a arte poderia se assemelhar a psicanálise. ao colocar em imagens o que está além de uma simbolização.
Há tantas maneiras de se pensar a obra de Frida Kahlo. A presença de autorretratos é marcante em sua produção. O que essa produção insistente e repetida de si mesma poderia representar? A figura duplicada, o espelho, nos provocaram reflexões sobre o corpo fragmentado de Frida. Um corpo abatido por um acidente, diversas cirurgias e abortos. Sabemos que para além do corpo, temos psiquicamente uma representação do mesmo. Seria a pintura uma tentativa de unifica e integrar um corpo fragmentado?
Conduzida pela curadora Adriana Palma, e mediada pelas psicanalistas Carla Belintani e Isadora Louza, essa foi uma roda que deu inicio a participação das novas integrantes no projeto. Para nós está cada vez mais claro a a importância da conversa entre artistas e curadores para se abrir um campo rico de reflexão no trabalho clínico com enlutados.
Acreditamos que oferecer espaços de trocas e compartilhamento em que haja espaço para a alteridade seja extremamente necessário. Esse é um de nossos intuitos com as rodas de conversa, além de fomentar nosso estudo e pesquisa relacionando a arte com o luto pelo olhar psicanalítico.
As perdas se fazem presentes em nosso dia a dia, o luto segundo Freud é uma reação a uma perda significativa. Nesse sentido pensamos a arte como uma possível alternativa de elaborar lutos.
Tivemos um público engajado, inclusive a presença de uma mexicana que conheceu pessoalmente Diego Rivera.
Que honra para a Casa Frida!
Agradecemos principalmente a recém parceria com a livraria Blooks que gentilmente nos abriu as portas com tanto carinho.
No limiar entre a vida e morte, as obras de Frida imortalizam seu processo criativo. Caminhamos lado a lado com a morte e adentramos cada vez mais no sentido da vida, entre suas cores e dores.
Seguimos nos estudos da vida e da obra da nossa artista inspiradora.