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15/09/22 - Encontro 3 - Grupo de Reflexão - Tempo, envelhecimento e mudanças



Quando?


15/09/2022


Roda de conversa on-line: das 19h30 às 21h


Onde?


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Reflexões acerca do tempo e a finitude


Capítulo do livro "Antes" de J. -B. Pontalis





Jean-Berthand Pontalis foi um filósofo, escritor e psicanalista francês. Foi aluno de Jean-Paul Sartre, analisando de Jacques Lacan. Ao lado de seu colega, Jean Laplanche escreveu o famoso dicionário de psicanálise. Faleceu em 2013 com 89 anos.



"Era melhor antes" – esta é a frase que abre este livro de Pontalis. O autor compara a memória à bolsa de uma mulher, em que "o fútil se esconde do olhar dos outros e o indispensável, de meus próprios olhos". O texto convida então a relembrarmos as situações mais cotidianas que teriam sido melhores "antes", ao que o autor reflete: "não, nem tudo era agradável antes, nem tudo é abominável hoje". À luz da psicanálise, o autor revisita vários temas e conceitos, nas suas mais diversas formas e exemplos: memória, tempo, origem e linguagem. Na questão da linguagem, o autor traça um paralelo entre psicanálise e escrita, as quais têm a mesma finalidade, que é indicar os fundamentos da alma humana, e têm o mesmo material, a fala humana. Além disso, coloca em cena diversos autores: Borges, Perec, Barthes, Sartre, Victor, entre outros; sendo que um capítulo inteiro é dedicado a Freud. • O estilo de J.-B. Pontalis é literário, portanto, é uma leitura psicanalítica mais fluente, algo mantido pela experiente psicoterapeuta e tradutora Lidia Rosenberg Aratangy.


Texto "O tempo que passa e o tempo que não passa"

Da psicanalista, Silvia Alonso. Professora do curso de psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.


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O tempo que passa e o tempo que não passa


Na Psicanálise, tempo e memória só podem ser considerados no plural


É muito comum pensar no tempo como tempo seqüencial, como categoria ordenadora que organiza os acontecimentos vividos numa direção com passado, presente e futuro, um tempo irreversível, a flecha do tempo, um tempo que passa. Também estamos acostumados a pensar na memória como um arquivo que guarda um número significativo de lembranças, semelhante a um sótão que aloca uma quantidade de objetos de outros momentos da vida, que lá ficam quietos, guardados, disponíveis para o momento no qual precisamos deles e queremos reencontrá-los. No entanto, a forma na qual a Psicanálise pensa o tempo e a memória está muito distante desta maneira de concebê-los. Na Psicanálise, tanto o tempo quanto a memória só podem ser considerados no plural. Há temporalidades diferentes funcionando nas instâncias psíquicas e a memória não existe de forma simples: é múltipla, registrada em diferentes variedades de signos.




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A crônica "Morte de uma baleia"


Em "Morte de Uma Baleia", crônica publicada em 1968, Clarice Lispector manifestou enfaticamente o seu repúdio à ideia da morte. Mas admitiu já a ter experimentado um sem número de vezes - no caso, não a do corpo, claro, mas a da alma. "Morri de muitas mortes e mantê-las-ei em segredo até que a morte do corpo venha, e alguém, adivinhando, diga: esta, esta, viveu". Na sequência, prossegue: "Porque aquele que mais experimenta o martírio, é dele que se poderá dizer: este sim, este viveu".




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A velhice


Simone de Beauvoir


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Um recorte do Capítulo VI - TEMPO, ATIVIDADE, HISTÓRIA


Existir, para a realidade humana, é temporalizar-se: no presente, visamos o futuro através de projetos que ultrapassam nosso passado, no qual recaem nossas atividades, imobilizadas e carregadas de exigências inertes. A idade modifica nossa relação com o tempo; ao longo dos anos, nosso futuro encolhe, enquanto nosso passado vai-se tornando pesado. Pode-se definir o velho como um indivíduo que tem uma longa vida por trás de si, e diante de si uma expectativa de sobrevida muito limitada. As consequências dessas mudanças repercutem umas nas outras para gerar uma situação, variável segundo a história anterior do indivíduo, mas da qual podemos destacar constantes.


E, em primeiro lugar, o que é ter a própria vida por trás de si? Sartre o explicou em O ser e o nada: não se possui o próprio passado como se possui uma coisa que se pode segurar na mão e observar sob todos os ângulos. Meu passado é o em-si que sou, enquanto ultrapassado: para tê-lo, é necessário que eu o mantenha existindo através de um projeto; se esse projeto é conhecê-lo, é preciso que eu o torne presente, rememorando-o para mim mesmo. Há na lembrança uma espécie de magia à qual somos sensíveis em qualquer idade. O passado foi vivido no modo do para-si, e, no entanto, tornou-se em-si; parece-nos atingir nele essa impossível síntese do em-si e do para-si, à qual a existência aspira sempre em vão.206 Mas são sobretudo as pessoas idosas que a evocam com complacência. “Eles vivem mais da lembrança do que da esperança”, anotava Aristóteles. Em Mémoires intérieurs e em Nouveaux mémoires intérieurs, Mauriac debruça-se muitas vezes com nostalgia sobre o meninozinho que foi, e cujo universo lhe parece mais real do que o mundo de hoje. Num recente Bloc-notes, ele escrevia: “O velho, mesmo se não recai na infância, volta a ela


em segredo, dá-se o prazer de chamar mamãe a meia-voz.” Essa predileção pelos dias antigos é um traço que se encontra na maioria dos velhos, e é mesmo muitas vezes por aí que sua idade se faz sentir com mais evidência. Como se explica ela? E em que medida podem eles “reencontrar o tempo perdido”?


“É o futuro que decide se o passado está vivo ou não”, observa Sartre. Um homem que tem como projeto progredir decola de seu passado; define seu antigo eu como o eu que não existe mais, e se desinteressa dele. Ao contrário, o projeto de alguns para-si implica a recusa do tempo e uma estreita solidariedade com o passado. A maioria dos velhos encontra-se nesse caso; eles recusam o tempo porque não querem decair; definem seu antigo eu como aquele que continuam a ser: afirmam a sua solidariedade com sua juventude. Mesmo que tenham superado a crise de identificação e tenham aceitado uma nova imagem deles mesmos — a boa avó, o aposentado, o velho escritor — cada um conserva intimamente a convicção de ter permanecido imutável: evocando lembranças, eles justificam essa segurança. Às degradações da senescência opõem uma imutável essência e narram incansavelmente para si mesmos aquele ser que foram e que sobrevive neles. Às vezes, resolvem reconhecer-se no personagem que mais os lisonjeia: são eternamente aquele antigo combatente, aquela mulher adulada, aquela mãe admirável. Ou então, ressuscitam o frescor da adolescência, da primeira juventude. De preferência, voltam-se, como Mauriac, para o período no qual o mundo assumiu, para eles, sua fisionomia, no qual se definiu o homem que vieram a ser: a infância. Durante toda a vida — aos 30 anos, aos 40 anos — continuaram a ser aquela criança, mesmo não sendo mais. No momento em que a reencontram e se confundem com ela, tanto faz terem 30 anos, 50 anos, ou 80: escapam à idade.

Mas o que podem eles reencontrar? Em que medida a memória nos permite recuperar nossas vidas?


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Vagas disponíveis: investimento de R$40,00 por encontro.


Dados:

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Transferência bancária

Banco Santander

Ag 0245

Cc 01000359-3

Renata Cattacini Gonçalves


Enviar comprovante para contato@acasafrida.com.br

Horário: Encontro mensal às quintas-feiras das 19h30 às 21h00.

Coordenação: Carla Belintani e Renata Cattacini


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Encontro 03


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